Faltavam 15 minutos para o início do último ensaio da Timbalada neste verão quando o vocalista Denny recebeu a reportagem do Terra. Já vestido em tons de azul e branco, um búzio em cada bolso e um contregum em cada braço, conforme suas tradições de proteção espiritual, ele parecia ansioso, apesar dos vários anos à frente da banda. “Dá sempre um friozinho na barriga, mas não tem motivo. Essa noite é só pra fechar o que fizemos nesse verão, e tudo foi ótimo”, comemorou.
Depois disso, mais alguma conversa, preces, e então o repicar dos timbaus. O Museu Du Ritmo, onde ocorrem os ensaios, alcançou sua capacidade máxima: 3500 pessoas. Na pista ou no camarote, o grito de guerra é um só: “A Timbalada revitaliza!” A frase está em um dos clássicos da banda, O Toque Timbaleiro, que abre o show. O repertório de canções conhecidas do grande público, como Mulatê do Bundê e Mimar Você, foi unanimidade entre baianos e turistas, e a festa durou até a madrugada, parecendo mesmo um rito para abrir os trabalhos para o Carnaval, que começa em exatos 12 dias.
Em Salvador para as férias de verão, a médica catarinense Mariane Sena, 29, se dizia encantada com o espetáculo. “Não é porque a casa e a produção são ótimas. A música deles é muito contagiante e realmente tem algo especial, como se mexesse com nossas raízes.” Sua amiga, a enfermeira Juliane Alves, 30, concorda. “Olha isso, é muita gente com uma música animada. Você não vê um sinal de confusão, ninguém se incomoda com o outro que encostou ou pisou no pé sem querer. A energia é muito boa.”
É costume nos ensaios de Salvador e os músicos prestigiem os ensaios dos amigos, e essa “passadinha” sempre inclui uma canja. Desta vez, que subiu no palco primeiro por Léo Santana (Parangolé), que trouxe para a noite o pagode com sucessos como Sou eu negro lindo e Madeira de Lei. Em seguida foi a vez de Felipe Pezzoni, que substitui Saulo no EVA depois do Carnaval, ser apresentado. Quem encerrou a noite ao lado de Denny foi Xanddy, vocalista do Harmonia do Samba, sem dúvida o grupo de pagode mais popular do estado.
Fazer a máquina funcionar não é tarefa simples. O empresário do grupo, Gilson Freitas, irmão de Carlinhos Brown, conta que nesse período a equipe Timbalada/Museu Du Ritmo chega 200 pessoas. “São 120 seguranças, 50 pessoas entre produção e apoio, além de mais ou menos 30 na banda.” Apesar da imensa estrutura, os ensaios de verão e as apresentações no Carnaval representam apenas 20% do faturamento anual da empresa. O restante fica por conta das turnês dentro e fora do Brasil, que acontecem nos outros 10 meses do ano.
Mesmo assim, ele garante que o fato de estarem em casa não é sinônimo de maior tranquilidade. “A responsabilidade é muito grande porque recebemos e somos responsáveis por tudo que der errado. É diferente de chegar ao palco de outra pessoa e tocar”, avalia.
Fonte: Terra
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