quarta-feira, 29 de maio de 2013

Especial 20 Anos do Harmonia: conheça a história por trás da maior banda de pagode da Bahia

Entre as curiosidades, Xanddy revelou ao iBahia que chegou a receber R$ 10 por show; confira

Harmonia do Samba: do fundo do quintal para o mundo

Capitaneada pelo carismático vocalista Xanddy, ao lado da sua trupe de músicos/amigos e compositores afiados, a família Harmonia do Samba chega aos seus 20 anos de carreira nos braços dos fãs, sendo aclamada pelo público soteropolitano, por dois anos consecutivos, como a melhor banda de pagode da Bahia (segundo pesquisa encomendada pelo Futura/Correio* em 2012). 

O grupo, que promove uma das festas mais concorridas do Verão baiano - a Melhor Segunda-Feira do Mundo -, retornou em grande estilo ao Festival de Verão em 2011, após cinco anos ausente, e atualmente vive um novo auge: atingindo a plenitude musical e confirmando que para se fazer um bom pagode baiano não é preciso apelar para temas que denigram a imagem da mulher.  

Mas nem tudo são flores até se chegar ao sucesso. E nesse especial do iBahia, que celebra as duas décadas do Harmonia, vamos relembrar, junto com Xanddy, grandes momentos e mergulhar na história da banda desde a sua origem. 

Samba com raizNo início, o grupo era formado por amigos e irmãos. O baterista Roque Cezar foi quem deu a largada dessa história depois de muito pedir à sua mãe, Dona Graça, instrumentos para que ele formasse uma banda. Na época, ele se inspirava no samba de raiz.

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Em 1998, Dona Graça, agora empresária dos músicos, precisava encontrar um cantor que levasse adiante o sonho daqueles meninos e acabou conhecendo Manuel Alexandre Oliveira da Silva, o Xanddy. Em 1999, surgiu o primeiro álbum, intitulado 'Nova Dança', que vendeu mais de 750 mil cópias com o sucesso do single 'Vem Neném'.

Números expressivos fazem do Harmonia do Samba uma banda referência no cenário musical da Bahia e do Brasil. Ao todo, o grupo contabiliza uma média anual de 120 shows no país e no exterior, realizando uma turnê internacional por ano, já tendo passado pela Europa. Sem falar nos mais de quatro milhões de discos vendidos, entre 13 CDs (em estúdio e ao vivo) e três DVDs lançados.

Na equipe, nomes de peso: Xanddy, Roque Cezar, Bimba, Martins, Luciano (aquele da música 'Viola do Lu') e toda trupe misturaram os swings do pagode e do axé e criaram um ritmo particular contagiante, que atraiu uma legião de seguidores por todo o mundo.


Com um legado de sucessos em todas as apresentações, o Harmonia carrega grandes conquistas. Recentemente, no Carnaval 2012, o grupo conquistou seis prêmios entre alguns dos principais troféus que julgam os melhores da folia, ganhando os títulos de 'Melhor Cantor de Pagode' e 'Melhor Banda de Pagode' - este último também foi recebido em 2013, pelo quarto ano consecutivo.
Bimba, Luciano, Xanddy, Roque Cezar e Martins

Por dois anos consecutivos, o grupo fez parte dos indicados ao renomado prêmio Grammy Latino. Em 2008, o Harmonia disputou o troféu na categoria 'Melhor Álbum de Música Contemporânea Regional', com o álbum 'Esse Som Vai Te Levar – Ao Vivo'. Em 2009, a banda também foi uma das finalistas na categoria 'Melhor Álbum de Samba/Pagode', com o disco 'Harmonia Romântico Ao Vivo', lançado em dezembro de 2008.

E para relembrar tantas histórias, o iBahia entrevistou o 'comandante' Xanddy.  

Manuel Alexandre Oliveira da Silva, o Xanddy
Antes de chegar ao estrelato, o cantor Xanddy era um típico jovem soteropolitano. Morou primeiro na Soledade, subdistrito da Liberdade, um dos maiores bairros de Salvador, depois em São Caetano - outro bairro popular repleto de grupos de samba, funk, rap e reggae. 

Nesta época, entrou para o Centro de Formação de Jovens Instrutores, no Queimadinho, onde se formou em mecânica de automóveis. E foi ali que subiu ao palco pela primeira vez, numa festa de estudantes.  Aos 15 anos fez sua primeira música: 'Minha vida', uma autobiografia sentimental. 

Antes do Harmonia, fez parte das bandas Vírus do Samba e Gente da Gente - com esta última, abriu shows para Mastruz com Leite, em Salvador, e para Sandra de Sá, em Feira de Santana. 

Em 2001, casou-se com a cantora e dançarina Carla Perez, com quem tem dois filhos (Camilly Victoria e Victor Alexandre). 

Em entrevista ao iBahia, Xanddy faz um balanço da carreira, fala das dificuldades enfrentadas, conta como foi a produção do DVD de 20 anos e ainda abre o jogo sobre os futuros projetos profissionais. Leia:

iBahia - Quais foram as transformações do Harmonia do início até agora? Como você avalia a evolução da banda?
Xanddy – Há 20 anos a nossa vida era bem diferente. Fiz parte de praticamente toda a história do Harmonia e me orgulho de poder dizer que hoje somos como uma família, graças a Deus. Como  amigo e fã do grupo, cheguei a assistir alguns ensaios do Harmonia que aconteciam na rua da Glória, na Capelinha e já sonhava em fazer parte do grupo. Cheguei a cantar muitas vezes somente como amigo e comecei a compor com o Bimba antes de integrar na banda. Os ensaios aconteciam em um espaço da família Harmonia [risos], ao lado da casa de Roque, Bimba e Dona Graça. 

Passamos alguns apertos, mas sempre foi maravilhoso, aliás, cada época, uma emoção. Rodamos Salvador muitas vezes no furgão de Perinho e em uma Kombi também, às vezes, fazendo até quatro shows por noite. Íamos até o dia raiar sem reclamar de nada, felizes da vida.

"Fazíamos até quatro shows por noite. Íamos até o dia raiar sem reclamar de nada" 

iBahia - E depois...
Xanddy –
 Depois vieram as participações no Carnaval. A gente alugava um apartamento no Campo Grande para a banda toda. Era como uma concentração de time de futebol e a nossa técnica era Dona Graça, mãe de Roque e Bimba, que foi quem realmente apostou em tudo, sempre. Ela era a mão que afagava a gente com uma feijoada deliciosa antes de irmos para avenida e também era aquela quem cobrava responsabilidade e disciplina. Quem saísse da linha tomava bronca. Se hoje somos unidos e bem sucedidos, com certeza, é por causa dela.

iBahia - Como foi a chegada do sucesso?
Xanddy – Quando 'Vem Neném' estourou, em 1999, passamos a viajar o Brasil e o mundo e não paramos mais. Já tocamos na Europa, Estados Unidos, Ásia, América do Sul. Concorremos a diversos prêmios nacionais e internacionais, gravamos muitos CDs e, até então, três DVDs. Somos felizes porque fazemos o que gostamos, com quem gostamos e pra quem amamos.

Hoje é um momento de maturidade, muito consistente, sabemos o que queremos e o caminho que traçamos. Eu sinto um orgulho muito grande de tudo, da gente (a banda) não ter se desintegrado, da gente ter insistido e conseguir fazer a nossa música do nosso jeito. Sabe aquela coisa de ter meia dúzia de gente dizendo "Vai por aqui!" e você para e pensa "Não. Eu tô vendo que o certo é por aqui"? E lá na frente você tem a certeza que valeu a pena você ter sido honesto consigo mesmo. É um sentimento que transcende qualquer explicação.
"Somos felizes porque fazemos o que gostamos, com quem gostamos e pra quem amamos" 

iBahia - Qual foi a maior dificuldade da banda nesses 20 anos de carreira?
Xanddy - 
A nossa maior dificuldade foi também o nosso maior estimulo. No inicio, foram muitas coisas, muitas dificuldades financeiras. A banda no inicio, chegou a tocar e no fim do show sobrar R$ 10 ou R$ 15 pra cada um [risos]. Chegou uma hora em que a gente precisava parar para conseguir o sustento. Aí teve um dia em que sentei com todos e disse que a coisa tinha que acontecer, porque não estava dando mais pra sonhar, nós precisávamos pôr a comida dentro de casa mesmo, apesar de a coisa já estar acontecendo aos poucos. Mas sabe quando você pensa na sua vida assim: "Não dá mais! A hora é essa! E tem que acontecer". 

iBahia - E o que vocês fizeram para dar essa reviravolta?
Xanddy - Nesse dia, quando eu comecei a colocar a minha situação financeira em questão, foi um choro em série [risos]. Alguns estavam na mesma situação e outro melhorzinho... [risos]. Mas o resultado da conversa foi o mais importante: todo mundo saiu de lá mais motivado e rolou um estalo assim: "Só mais uma vez! Só mais uma!". E aí as minhas palavras foram exatamente essas: "Vamos tentar mais uma vez, mas dessa vez vamos tentar com força mesmo para a coisa acontecer". No dia seguinte, foi tudo diferente. Era um correndo pro lado, outro correndo para o outro e aí o nosso primeiro ensaio no IAPI já foi melhor, a coisa começou a acontecer, devagarzinho, mas melhor...

iBahia - Se pudesse mudar o passado, faria algo diferente?
Xanddy – 
Não. Hoje temos a certeza de que nossas escolhas foram as mais certas porque elas foram a grande verdade do nosso coração. Tivemos sempre muito cuidado em fazer o que o nosso público gosta e essa sempre foi a nossa maior ambição.
"Dona Graça foi quem realmente apostou em tudo, sempre. Ela era a mão que afagava a gente"

iBahia - Como você avalia o cenário musical baiano hoje?
Xanddy – 
Acho diversificado, vasto e com opções que agradam a todo estilo. Uma coisa bem Bahia mesmo, com a nossa cara.
 
iBahia - Você costuma pesquisar outros artistas? Alguém o inspira? 
Xanddy –
 Eu me considero uma pessoa altamente pesquisadora em cima daquilo que me interessa, e a música me interessa. Sou uma pessoa também muito tranquila em relação aos estilos. Gosto de escutar e conhecer as novidades do meio musical. Admiro o trabalho do soul music ao samba. De cada um, você consegue enxergar algo diferente, bacana. Agora, artistas que admiro têm muitos, viu?! Djavan, Ivete, Gil...
Xanddy é casado há 12 anos com a apresentadora Carla Perez e com ela tem dois filhos

iBahia - Tem vontade de fazer algo que ainda não fez no campo da música?
Xanddy – 
Me sinto realizado musicalmente, profissionalmente e pessoalmente, mas no mundo da música há sempre novidades e novos desafios instigando os nossos corações. Não há nada especifico no momento, mas certamente o novo sempre vem.

iBahia - Como foi o processo de construção deste novo show? 
Xanddy – 
O show do DVD? Não foi ainda está sendo [risos]. Estamos justamente nesse processo... Estamos fazendo nós, por nós mesmos, com a nossa sensibilidade daquilo que achamos que tem a cara do nosso público. Vamos reunir as músicas que merecem destaque ao longo desse 20 anos e aquelas que tornaram-se clássicos do Harmonia e que ainda não colocamos em um disco de DVD, como 'Quebrou a Cara' e outras.

iBahia - E os planos da banda daqui para a frente, além da gravação do DVD, tem mais novidade chegando?
Xanddy -
 Vamos seguir com nossa agenda de shows, fazendo uma maratona no São João e com os projetos do Harmonia Prime pelos estados do Brasil e A Melhor Segunda Feira do Mundo, no Rio, e logicamente, aqui em Salvador, no Verão.



Álbuns De Estúdio
1999: Harmonia Do Samba
2000: O Rodo
2001: A Casa Do Harmonia
2003: Meu E Seu
2007: Esse Som Vai Te Levar
2009: Só pra Dançar
2012: Tudo de Novo

Álbuns Ao Vivo
2002: Pé No Chão
2004: Da Capelinha para o Mundo
2005: Harmonia Do Samba Ao Vivo
2008: Esse Som Vai Te Levar Ao Vivo
2009: Harmonia Romântico: Ao Vivo
2011: Harmonia do Samba Selo de Qualidade: Ao Vivo


Link para vídeo.

Veja abaixo imagens de arquivo com grandes momentos da carreira do Harmonia do Samba:

Fonte: iBahia

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